SIZÍGIA: A COSMOLOGIA DA MARÉ BAIXA (PT)
Do Latim SYZYGIA, do Grego SYZIGÍA, “união, par, conjunto”, de SYN-, “junto”.
Sizígias são instantes de conexão em que mar, solo e rios constroem novos relevos e geografias. Em momentos de Sizígia, quando o alinhamento de três corpos pertencentes a um sistema gravitacional ocorre, algo comum ao inconsciente coletivo surge como uma revelação. Sizígia também é encontro. O tempo-espaço onde diversas formas de vida não-humanas reagem ao movimento sincrônico do cosmos para produzir seus fluxos, destinos, relevos e mapas. São nas Sizígias em que a paisagem se transmuta nos permitindo perceber o cotidiano e sua constante capacidade de criação.
A partir dessa ação que envolve observação e escuta da paisagem com a qual me relaciono, a produção das imagens começa com a avaliação do tempo: momentos de Sizígia, ocorrência de maré baixa, condições meteorológicas, umidade do ar, luz e visibilidade atmosférica. Variantes naturais que vão definir o tipo de diálogo visual construído com o território. Desde 2017 esse encontro entre técnica e poética tem se realizado em áreas da Baía de Todos-os-Santos (Barra do Paraguaçu, Salinas das Margaridas, Canal de Itaparica, Caixa Prego até a foz do rio Jaguaripe), lugares em que através de voos com helicóptero, são coletadas a primeira etapa das fotografias que apresento nas séries. Esse momento de suspensão é também um momento de imersão, o que faz do atelier a fase de avaliação, recorte e montagem das paisagens que são construídas a partir das paisagens investigadas. Purificar, remontar, extrair excessos, amplificar texturas, corrigir cores, ressaltar linhas e formas são algumas estratégias de composição adotadas até as imagens finais.
Atualmente, a série e a pesquisa Sizígia conta com cerca de 6 capítulos visuais em desenvolvimento e cada um desses capítulos procura prolongar as situações experimentadas no território como: a poética das geografias não humanas, os impactos da vida contemporânea em relação às formas tradicionais de conceber o espaço e as contribuições que os conhecimentos incorporados oportunizam para as a construção de novas políticas pela imaginação.
SIZIGIA: THE COSMOLOGY OF THE LOW TIDE (EN)
From the Latin SYZYGIA, from the Greek SYZIGÍA, “union, pair, set”, from SYN-, “together”.
Sizigias are moments of connection in which sea, soil and rivers, build new reliefs and geographies. In moments of Sizígia, when the alignment of three bodies belonging to a gravity system occurs, something common in the collective unconscious appears as a revelation. Sizígia is also a meeting. It is the space-time in which different forms of non-human life react to the synchronized movement of the cosmos to produce its flows, destinations, reliefs and maps. It is in Sizígias that the landscape is transmuted, allowing to perceive the daily life and its constant capacity for creation.
From this action that involves observation and listening to the landscape with which I relate, the production of the images begins with the evaluation of the weather: moments of Sizígia, the occurrence of low tide, meteorological conditions, air humidity, light and atmospheric visibility. Natural variations that will define the type of visual dialogue built with the territory. Since 2017, this encounter between technique and poetics has been taking place in areas of Todos Os Santos Bay (Barra do Paraguaçu, Salinas das Margaridas, Itaparica Canal, Caixa Prego to the mouth of the Jaguaripe River), places where through flights with helicopter the first stage of the photographs that I present in the series are collected. This moment of suspension is also a moment of immersion, which makes the studio the stage of assessment, clipping and assembly of the landscapes that are built from the investigated landscapes. To purify, reassembling, extracting excesses, amplifying textures, correcting colors, highlighting lines and shapes are some strategies of composition adopted until the final images.
Currently, the Sizígia series and research have about 6 visual chapters under development and each of these chapters, seeks to prolong the situations experienced in the territory such as: the poetics of non-human geographies, the impacts of contemporary life in relation to traditional ways of conceiving the space and the contributions that the incorporated knowledge provides for the construction of new policies by the imagination.